terça-feira, 14 de agosto de 2007


Klimt

Vejo que passas como um fragmento luminoso
na tinta desta caneta incandescente
nesta letra mal acabada
vejo que passas por mim
que sou A de árvore
S de sombra que se projecta na parede negra de xisto
sinto que passas
e quebras pelo centro a indiferença destes dias
cheios por esta profissão iníqua de ângulos mortos
vejo que passas silenciosamente
como num filme de Antoinioni
desarrumada de luz
e de pulseiras de cristais translúcidos
a espuma dos teus passos
é o salário bastante para os meus olhos operários
a cintilação da tua voz
água para a minha sede de árvore
e não conheço outra verdade
que me faça ser esta raiz.

7 comentários:

Anónimo disse...

E eu vejo que és A de árvore, S de sombra e vejo que és raiz, cada vez mais uma raiz...
JRL

Anónimo disse...

E adoro o Klimt... Bj

Constança disse...

Que bonito! Há tanta cultura em cada poema teu. :)

Maria disse...

Acabo de te conhecer. Já dei uma "volta" pelo teu blogue, de que gostei muito.
Tens um dom especial para escrever...
Vou voltar.

Maçã de Junho disse...

Varanda de Liberdade?

Ou...

Varanda para a liberdade?

Essa que não tenho, mas que teimo em um dia conseguir.

Liberdade, essa que dás a quem te lê. Noto que não prendes as palavras à pontuação e deixas ao critério do leitor, definir o ritmo da leitura.

Varanda de liberdade....

É uma frase que tenho de anotar!
beijo
Maçã de Junho

Anónimo disse...

é isso para isso que se pretende alertar , por haver tantas vidas desfeitas
Saudações amigas

Carlos Ramos disse...

J. Constança, Maria, Maça de Junho e Valente um muito obrigado mais uma vez, pelas vossas preciosas palavras.