sexta-feira, 3 de agosto de 2007

A Casa


Vincent

Atei os meus lábios ao teu destino
começam assim certas histórias a duas bocas
alguém mergulha as mãos na água e constrói uma casa
sonha e estremece ao som delicado das ondas
dos profundos lugares das paisagens marítimas
começam assim certas histórias a duas bocas
os lábios relembram, alimentam-se
apavoram-se no medo profundo do amor
e os corpos habitam-se de energias luminosas
as horas passam e nada termina
o coração é dono do tempo e dos compassos irracionais das línguas
que dizem palavras que não chegam para alimentar a ave que nos recebe a nós
e nós estamos unidos na emoção primordial
dos primeiros dias da criação do mundo
e colocamos tijolos e madeiras várias
sangue e saliva e lágrimas
e construímos a nossa casa a duas bocas.

7 comentários:

Anónimo disse...

A duas bocas e a quatro mãos. Gostei muito. Beijos

blue disse...

eu também.

(obrigada, carlos)

Ad astra disse...

Como sempre..lindo.
de voltar para ler de novo.

beijinho

carteiro disse...

Bonitas palavras, que, como os corpos, "habitam-se de energias luminosas".
Com (muito) poucos conhecimentos no reino da pintura, gosto muito de van Gogh.

Ruim dos Santos disse...

"O coração é dono do tempo e dos compassos irracionais..."
Grandioso. :)

Abraço

CMondim disse...

Uma casa a duas bocas, pode ser um poema a quatro mãos ;)

Carlos Ramos disse...

Ser feliz e ter uma casa
ter uma casa e assim viver.