

Escrever
é colocar uma gota de sangue
no sangue dos outros e envenená-lo
as palavras projectam-se infectas
saem das mãos do poeta
são jactos primordiais que atingem os outros
e assim o poeta como o perfumista
difunde-se e confunde-se nos odores dos outros
deixa a sua magnólia
e enxerta-se em tudo o que é planta de receber enxerto
o Poeta é um jardineiro
uma ave carregada de pólenes
um peixe pescador encantador de ventos
que sabe congelar o tempo
tempo que parou naquela carta que não enviaste
porque não me conhecias
e agora é tarde
é tão tarde que me perdi
de tanto passar por estas ruelas difíceis
que conhecem o meu nome pétreo
porque o meu nome caiu no chão
e quebrou o derradeiro sonhar do sonho
o poema despedaçado
que goteja venenoso nas palavras possíveis de escrever
porque há palavras que ainda não existem
que são como animais futuros
que habitam a boca dos poemas por escrever
eu digo e sonho
no dizer de todas as minhas vozes de homem multiplicado
eu digo que tal como a metáfora
embala o poema espreguiçando-se em todo o seu amplexo
também o Poeta se prepara para dormir
depois de derrubado pelo seu poema
Poeta vazio de palavras
que volta a ser humano
a alma contida dentro de um rebuçado
um corpo dentro das cidades queimadas
pela distancia de não haver partida
só saudade absoluta
memória lembrança das viagens por cumprir
no teu corpo perfumado pelo sarro marinho
a luz da luz que tudo escurece
este quarto donde acabas de sair com um sorriso infantil
que convoca as lágrimas que chorarei quando te perder.
é colocar uma gota de sangue
no sangue dos outros e envenená-lo
as palavras projectam-se infectas
saem das mãos do poeta
são jactos primordiais que atingem os outros
e assim o poeta como o perfumista
difunde-se e confunde-se nos odores dos outros
deixa a sua magnólia
e enxerta-se em tudo o que é planta de receber enxerto
o Poeta é um jardineiro
uma ave carregada de pólenes
um peixe pescador encantador de ventos
que sabe congelar o tempo
tempo que parou naquela carta que não enviaste
porque não me conhecias
e agora é tarde
é tão tarde que me perdi
de tanto passar por estas ruelas difíceis
que conhecem o meu nome pétreo
porque o meu nome caiu no chão
e quebrou o derradeiro sonhar do sonho
o poema despedaçado
que goteja venenoso nas palavras possíveis de escrever
porque há palavras que ainda não existem
que são como animais futuros
que habitam a boca dos poemas por escrever
eu digo e sonho
no dizer de todas as minhas vozes de homem multiplicado
eu digo que tal como a metáfora
embala o poema espreguiçando-se em todo o seu amplexo
também o Poeta se prepara para dormir
depois de derrubado pelo seu poema
Poeta vazio de palavras
que volta a ser humano
a alma contida dentro de um rebuçado
um corpo dentro das cidades queimadas
pela distancia de não haver partida
só saudade absoluta
memória lembrança das viagens por cumprir
no teu corpo perfumado pelo sarro marinho
a luz da luz que tudo escurece
este quarto donde acabas de sair com um sorriso infantil
que convoca as lágrimas que chorarei quando te perder.