
Alexander Gardner
Abriu-se a porta
para a brevidade da luz de imaginar o mundo
e a demência do sonho
propagou-se pelas letras grandes com que se escreve ausência
na largura da espuma dos dias
reconheço a lua que amadurece a noite
e o braço luminoso da madrugada
no contínuo das horas de branco vestidas
uma veia essencial é o único bem que pudemos carregar
enquanto a vida escorre pela garganta do tempo
preso à derradeira corda
nua Imagem obscura que tornas e partes
espelho que talha na sua imagem
o gesto que alimenta a escrita
não falo de mim
mas da paisagem eterna onde a poesia acontece ferozmente
das janelas miraculosas onde se esperam as palavras que partem
para a alimentação do poema
e o tempo com o seu corpo incandescente
de horas veementes onde se pode encontrar a raiz
de uma a casa habitada pela loucura
não mais que serenidade e musica redimida pelo âmago das coisas
por dentro de tudo num movimento direccionado a tudo
Mas o que existe não é senão um punhal incendiado de abandonos
um salto para escapar ao esmagamento do peito
mãos para a profundidade do sonho
e um rosto imenso ferido pelas ruas em que não passas
chamas-te esperança e nunca te encontrarei.
2 comentários:
a esperança que não encontramos? um beijinho.
"...uma veia essencial é o único bem que pudemos carregar
enquanto a vida escorre pela garganta do tempo"
Por favor, faz-me acreditar no dia de amanhã. Eu imploro!
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