
Bacon - "Study From the Human Body"
A colher onde língua nenhuma
o guardanapo onde a boca talvez
as mãos onde uma pele qualquer
o olhar onde a cegueira é azul
o chão
a melhor cama para o fracasso
a voz de lamina
que carrega o nosso nome
gostaria de saber a fundura desses golpes
o aspecto urgente dessa ferida solar
nós esperamos por esse projecto
que marca a carne
nós esperamos pelo nosso verdadeiro baptismo
para sermos qualquer coisa semelhante a nós
qualquer coisa contra a morte
um passo
um cotovelo
uma madeixa loira
um mergulho na noite branca
um desperdício do pouco que nos resta
no meio do nada
tudo
no caminho para coisa nenhuma
tu
um movimento de penetração na terra
raiz para nos mantermos de pé
um sentimento onde me possas conhecer absolutamente
florires-me
ligares-me
destruíres-me
parires-me
ou o fim do jogo
fim do precisares de mim
fim do precisar de mim
fim do numero de porta
fim da casa
fim deste lugar
ou guitarra nos dedos das mulheres adormecidas
pelo amor longínquo
o amor correcto e certeiro
o amor lâmpada
o amor no coração do poema
sempre o amor à tarde
tarde demais...
11 comentários:
Nunca é tarde demais para quen assim escreve o amor. Um abraço.
Poesia maiúscula por aqui. Foi um prazer descobrir-te.
muito bom poema, em minha opinião.
Gostei. Sem reservas.
Um abraço.
Concordo con Licínia Quitério foi un grato pracer descubrir este "espazo artísticoreflexivo"...
Unha aperta.
:)
Gostei muito deste poema.
De resto, já é hábito gostar do que aqui leio.
Inicio de tudo
.
.
.
em travessia
.
.
de ti
bjo doce
de volta
este tocou-me muito especialmente. um grande beijinho.
e é sempre
... tarde demais...
sempre
um desperdício do pouco que nos resta...
fim!
cada novo poema teu é uma revelação, um constante tocar de alma.
Obrigada por isto
tarde demais...
sempre.
Adorei.
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