quinta-feira, 8 de maio de 2008

Fogos


"Nocturne iin Black and Gold" - James Whistler


A interminável janela
papel branco daquilo que está vivo
na larga avenida das horas que passaram
onde o veneno do tempo não nos poderá cegar
o interior dessa marginal
a boca aberta para a grande fome do dizer
e nós falamos esta linguagem
que ninguém ensinou
amamos as margens
dos fogos por atear
aos campos de sermos nós
e as manhãs começam
quando a escuridão atravessa os relógios do fim da tarde
e fluímos para a brancura da palavra

bem-vindos os que desembarcaram na sombra
onde lançámos as nossas frágeis âncoras
e ardem como nós
no coração que governa o pavor do mundo.

Completamos os nossos destinos
Como os dedos solares
no sorriso do acordar da terra
trago-te por baixo de um milagre
que não me pertence
um corpo surpreendente
de olhos proibidos na acendida penumbra.

5 comentários:

~pi disse...

um corpo:

des conhecimento

pre s sentido


~

Ana Paula Afonso disse...

absolutamente lindo! tão lindo que faz desejar ter sido eu a dizê-lo!

delusions disse...

"trago-te por baixo de um milagre
que não me pertence
um corpo surpreendente
de olhos proibidos na acendida penumbra."



fico sempre sem palavras aqui...

tchi disse...

...no sorriso do acordar da terra...

Belo despertar.

ruth ministro disse...

Este poema está fantástico.

Li os três últimos (confesso que já não passava por aqui há uns tempos...), mas foi neste que os meus olhos pousaram com maior admiração.

Beijos