quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Gaveta de Luz


William Blake

Gaveta e luz
que te não abro
para não cegar de vez
Gaveta de luz
onde guardo a brancura
com que pinto este papel a palavras negras
Gaveta de luz
espuma destes dias
mar de púrpura flor
água sonhada
e tantas vezes respirada
Gaveta de luz
nau petrificada
que somente aos corvos pertences
livro do sal e da areia
esta minha terra
litoral de dunas devoradas
vertigem de morder os dedos
o medo visível somente ao entardecer
o silencio lunar do corpo
entregue á mansidão do esquecimento
pétalas de fecharmos os olhos
num precipício perfumado
gaveta de luz
lençol onde termina o sofrimento dos lábios
abertos pela treva oceânica
gaveta de luz
onde nos abraçamos
no momento único
de nos recordarmos até ao fim.



13 comentários:

Manuela Viola disse...

Olá Carlos
Muito obrigada pela tua visita ao meu cantinho.
Gosto muito desta tua gaveta de luz!
Abraço

Joana Roque Lino disse...

eu abria a gaveta :). não precisas que eu te comente, Carlos. Beijos

ruth ministro disse...

Abre essa gaveta sem medo. Se ela é luz, não a feches em segredo... A escuridão cega a alma.

Beijo

Ad astra disse...

Decididamente esta tua "gaveta" ilumina-me!

beijinho Carlos

un dress disse...

gavetas de luz.

talvez abrir. abr IR...




:)

Anónimo disse...

Como sempre, profundo, sentido e espectacular, reflexo da pessoa que escreve,... um grande amigo.

Um abraço minhoto.

tchi disse...

Luzente gaveta a tua. Única. Original. Especial.

Beijinho.

GarçaReal disse...

Se eu tivesse uma gaveta de luz igual a esta , não tinha medo de a abrir....


bjgrande

CMondim disse...

abram-se as gavetas, as janelas, as portas e deixe-se entrar a luz!

tchi disse...

Obrigada, Carlos, pela partilha no Pérolas.

Muito unida.

Beijinho.

vieira calado disse...

Um belo poema.
Gostei.
Um abraço

inês miguéis disse...

já tenho saudades de um novo poema, para adoçar a alma. beijos

tchi disse...

No NATAL não peço, mas dou quanto posso.

Terno e muito Feliz Natal para ti. Pacífico 2008.

Beijinho.