terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Voz


Dobro-me contra as folhas
coloco-me na posição de mudar o mundo
acolho o profundo azul
que existe nos olhos dos pássaros
e no sangue que a rosas bebem
dos pulsos dos sacrificados
dobro-me contra as folhas
carrego nos botões solares
nas cordas vibrantes do planeta
e ofereço-te uma cidade musical
eu queria uma voz que fosse âncora
e uma arquitectura que fosse o teu nome
um vidro de extremas cores
eu queria um piano e uma citara estrutural
onde pudesse adormecer quase sublime
passar á condição de bicho que sonha
a altivez do teu perfil
a tua mão no sentido da respiração das magnólias
os dedos que alcançam a palpitação das ideias
loucas por pouco tempo
abertas à lucidez do abrir
uma porta para o começo da loucura
se eu quisesse engoliria um asterisco
transformava-me nalguma coisa sensível e cortante
um rosto parecido realmente com o meu
um cálice muito acima das nuvens
onde fossemos só brancura de chuva a cair
e à sua transparência desaparecessemos…

8 comentários:

Maria disse...

......................
"onde fossemos só a brancura de chiva a cair
e à sua transparência desaparecessemos..."

É lindo.... escreves excelente poesia, Carlos....

Um abraço

Ad astra disse...

como sempre as tuas palavras
fazem-me voar...sem pássaro dentro

eu queria uma voz que fosse âncora
e uma arquitectura que fosse o teu nome

beijo

Laura Ferreira disse...

muito bonito... esta imagem também me faria escrever...

Anónimo disse...

olá carlinhos,
um beijo, a acompanhar o teu belo poema.

Maria Laura disse...

Anseio de transparência. De adormecer quase sublime. Belo

Joanne disse...

Que bela capacidade de apanhar momentos, de deixa-los em branco para quem le os construir. fantastico.

Eme disse...

Este querendo tem suficiente força poética para passar a ser mais do que um belíssimo filme gravado nas brumas da alma de quem o escreve.

vieira calado disse...

É muito interessante, este poema.
Cumprimentos