terça-feira, 25 de setembro de 2007

Não tenho....



Bill Brandt

Não tenho casa sem ser a dos teus cabelos devolvidos ás minhas mãos
Não tenho olhos que não sejam a cegueira dos teus beijos
Não tenho sombra que não seja a luz que diariamente me forneces
Não tenho dores que não sejam as do medo de te não mais encontrar
Não me tenho a mim porque sou teu e nesse perder me achei
Não tenho boca para dizer as palavras que merecias ouvir
E triste estou por me faltar talento e inspiração.



segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Balada Para Uma Ausência


Jack Spencer


De repente tudo parece azul
de um azul profundo
estelar inacessível

desde que nas minhas veias
corra o sangue de ferir
eu digo
este lugar não é para ti
melhor ficarás nos mundos intermédios
onde a terra não treme
onde não precisas da perfeição do exigir
mais uma noite solitária
é o que de mais acolhedor posso oferecer
estas nuvens que passam
restos do teu cabelo
são o algodão e a água que corre
e que te recorda da melhor maneira

O Outono chegou em pleno Verão
plátanos e bétulas
despem-se com ternura e suavidade
preparam as raízes para o silêncio
e sinto o voo das suas folhas
conheço como o elas o chão do desamparo.




quinta-feira, 13 de setembro de 2007



Soa o canto do rouxinol negro
como a bala que fala
queimando de morte o corpo dilacerado
pelo beijo da claridade do ultimo dia
o solo etéreo na boca que não diz
o interprete da minha noite
o rouxinol negro tatuado nesta pele
pedra silente que atravessa o espaço
carrilhão de desenganos
depois o guardião da noite sentenciou-me
e eu fugi através dos ciprestes
que guardam o tumultuoso rio
eu fugi e mergulhei
nas muitas águas dos futuros sonhos
onde habitaremos os nossos corpos regressados do silêncio
eu fugi vertendo a dor nos passos que ardem os caminhos

Devolve-me ás estrelas
porque o amor
é o único milagre digno desse nome