terça-feira, 23 de outubro de 2007


Martin Ridley


Estas linhas
cozidas no desespero
da onda que leva à praia o rosto do homem afogado
de negro vestido com a saudade nas algibeiras
o tempo não vivido que passou
o numero da lotaria que lhe calhou
bagos de romã, a vida
enforca o sorriso do sonho na corda do amanhecer
a esperança nestes lençóis de linho amorrotados de luz
os teus braços onde acolhes a ternura
destes promontórios onde o poema abraça o mar
águas onde todos os erros são perdoados
este sal coruja da noite
asas silentes
estas mãos que escrevem para ti
os desastres onde mergulhamos a flor que decide o próximo passo
a pétala que cai sem força para permanecer
agora ascendo no silêncio deste quarto onde me perdi
sou uma pedra impossível no cabo do mundo
permaneço imóvel
espero o V de voo
das grandes aves migratórias que atravessam esta paisagem
e não tenho nome para dizer
da beleza do meu coração
quando dança nas tuas mãos.

13 comentários:

Ad astra disse...

...da beleza do teu coraçao, quando escreve assim

beijo

Manuela Viola disse...

Lindo!

Joana Roque Lino disse...

Muito bonito, Carlinhos! Beijoca

Manuela Viola disse...

Olá Carlos
As fotos foram tiradas apenas com um filtro UV. As árvores têm aquela cor alaranjada devido a estarem cobertas de liquenes. Ficam de facto muito bonitas e com um aspecto algo estranho
Abraço

© Maria Manuel disse...

«e não tenho nome para dizer
da beleza do meu coração
quando dança nas tuas mãos»

bonito!

CMondim disse...

meu Deus, quanta dor, quanta tragédia sem fim.
liberta-te e voa!

Maria disse...

..."e não tenho nome para dizer
da beleza do meu coração
quando dança nas tuas mãos."

Belíssimo...
Abraço

Dizeres de Andarilho disse...

“… estas mãos que escrevem para ti
os desastres onde mergulhamos a flor que decide o próximo passo
a pétala que cai sem força para permanecer
agora ascendo no silêncio deste quarto onde me perdi
sou uma pedra impossível no cabo do mundo
permaneço imóvel…”

Permanece então imóvel, mas não deixe nunca que a tua mão deixe de escrever, que o silencio te faça viver, pois vive na vida quem na vida sofreu, e os teus versos que nunca morrerão, irão para sempre recordar as lágrimas que choras…

ruth ministro disse...

Quando o nosso coração dança nas mãos de alguém, só podemos amar verdadeiramente essa pessoa...

Gostei muito.

Beijo

Cochofel disse...

O texto é belíssimo e a imagem também. Parabéns!

Joana Roque Lino disse...

Olá Carlos,
Deixei-te um desafio no meu blogue. Se tiveres paciência, espreita. Um beijo.

tchi disse...

Danças de ti, sentidas.

Beijinho.

smith disse...

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